Somos seres de hábitos
Fomos almoçar em um restaurante agradável e que possui, além de excelente comida, um ambiente externo calmo com uma enorme fonte, que nos acalenta com o som da água em movimento lento e ritmado. Local excelente para comer com serenidade, do jeitinho que tanto gosto…
Pude observar inúmeros pássaros, que pareciam clientes usuais do local, pois mostravam total familiaridade com o formato e ápices da fonte e passei a apreciar a dança que eles faziam. Notei, rapidamente, que havia um ritual repetitivo que eles praticavam: voavam de um lado do jardim até o alto da fonte, davam uma ‘barrigada’ na água e iam para o outro lado do pátio em busca de migalhas. Entre uma migalha e outra, havia sempre o mergulho de barriga…
Pensei: que bonita essa dança em que os passos se repetem! Pensei mais: será que se não houver o mergulho de barriga, não haverá migalha do outro lado?
Vamos olhar mais de perto nossos hábitos?
E lá vou eu, fazendo analogia com nós seres humanos, pertencentes a raça humana, o quanto repetimos ações, simplesmente por hábito…sem perceber que determinadas ações apenas são hábitos, e que não farão nenhuma diferença para os resultados pretendidos para cada um de nossos momentos…
Ficar com o celular na mão, por exemplo, salvo raras exceções, o quanto esse hábito, de fato, contribui? E olhar para o celular, segundo a segundo, iluminando a tela para checar se chegou algo, mesmo que seja algum spam, o quanto esse hábito, de fato, contribui?
Não tirar o olho do celular (e o dedo rolando a página), mesmo quando está em ambientes sociais, supostamente em que deveria haver interação social, o quanto esse hábito, de fato, contribui? E ter tantos grupos e se obrigar a responder a cada intervenção, a ponto de apenas surfar nas ondas rasas, sem de fato mergulhar em nada, assim, sem perceber o quanto esse hábito, de fato, contribui?
Para não dizer que é só o celular o responsável pelos nossos hábitos…
O quanto as suas respostas, em qualquer situação, são mecânicas e habituais?
O quanto as suas reações às noticias, fatos, eventos, são as esperadas por aqueles que já te conhecem, e inteiramente habituais?
O quanto o seu humor diante das circunstâncias é o previsível e habitual?
O quanto o drama que você faz perante a vida já é o esperado e habitual? O quanto as suas interpretações e repetições narrativas, são as habituais?Você tem o hábito de ler…ou dá preguiça e larga a leitura que passa de três linhas? O quanto os seus hábitos te dominam?
O quanto esses hábitos o fortalecem ou o enfraquecem?
Quando é que você vai se dar conta de que tem o direito (e o dever) de fazer melhores escolhas? Aquelas que o levem adiante e que demonstrem evolução e progresso, como ser humano, como ser social.
Quando é que você vai se dar conta de que você pode (e deve) ter ações mais envolventes e conscientes, visando alcançar a felicidade, pois tem a habilidade de viver uma vida com mais propósito, com mais significado.
Quando é que você vai se dar conta de que usar a sua consciência e a sua habilidade de viver no momento presente o liberta e o impulsiona a ter uma vida de ações construtivas, com crescimento, harmonia e desenvolvimento contínuo.
Ou será que deseja manter a ‘barrigada’ entre uma migalha e outra, para sair de nenhum lugar e chegar a lugar algum?